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Historietas assombradas para feministas malcriadas

  • Foto do escritor: Aréa Aberta
    Aréa Aberta
  • 5 de dez. de 2018
  • 3 min de leitura

Texto: Stéfany Dias


De leitora para leitora

As mulheres no século passado escreveram e escreveram bastante. Desde os “cadernos goiabada”, como os denomina a escritora nossa contemporânea Lygia Fagundes Telles, até jornais, romances e polêmicas. Ao falar dos “cadernos goiabada”, Lygia se refere aos cadernos onde as mocinhas escreviam pensamentos e estados de alma. É o que relata Norma Telles em seu texto Escritoras, escritas, escrituras. A partir de então, as mulheres começaram sua revolução rumo à intelectualidade, pois eram proibidas e afastadas da leitura, da escrita e do próprio conhecimento. Como esquecer os cadernos de anotação e inspiração de Ana Lisboa dos Guimarães Peixoto Bastos, mais conhecida como Cora Coralina. De escritoras como Cora, às irmãs Revocata Heloísa de Melo e Julieta de Melo Monteiro do No Rio Grande do Sul, que teceram fios importantes desta rede através de seus jornais o Escrínio e o Corymbo. Uma rede de mulheres que fundaram jornais visando esclarecer as leitoras, dar informações, chegando, no final do período, a fazer reivindicações objetivas, nessa importante e densa revolução intelectual.

Notamos que nossa história é marcada por inúmeras mulheres, escritoras, revolucionarias, militantes, guerrilheiras. Mulheres fortes que mudaram o curso dos acontecimentos, mas que são menos discutidas que homens também de caráter histórico importante. Mulheres como Rosa Luxemburgo uma escritora do final do século XIX e começo do século XX que foi filósofa e economista marxista polaco-alemã. Tornou-se mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à Social-Democracia da Polônia, entre outros inúmeros feitos e também como Jane Aunstin, considerada a frente de sua época. São nomes que não são estudados com prioridade histórica, assim como é estudado Machado de Assis por exemplo. Porém, não é por falta de reconhecimento que nossas escritoras pararam por ai. Muito pelo contrario, esse foi apenas mais um ponto o qual colocamos em pauta na nossa luta diária.

É cada vez maior o numero de escritoras que vemos. Com livros trazidos por Mary Del Priore que mostra textos de diferentes autores sob diferentes contextos e pontos de vistas, que juntos retratam A história da mulher no Brasil, lançado em 1997, um salto da literatura feminina, feminista e enriquecedor sobre a história das mulheres. Passando para 2009, temos também livros como As moças de azul de Janet Dailey que conta a história de mulheres aviadoras que se importavam mais com os sonhos que tinham do que com maridos e casa, o que ia contra os costumes e o que se esperava do papel de uma mulher na sociedade. Mais adiante já em 2017, temos o lançamento do livro escrito por Rupi Kaur. Outros Jeitos de Usar a Boca ganhou o primeiro lugar da lista de mais vendidos do The New York Times, trazendo poesias de uma auto reconstrução pós-decepções amorosas. Ainda em 2017, não podemos esquecer-nos de Chimamanda Ngozi Adichie, com o livro Para Educar Crianças Feministas, um manifesto em forma de carta que fala sobre amor, carinho, auto reconhecimento e traz uma visão de mundo divergente dos costumes patriarcais. E pra fechar essa pequeníssima lista de indicações, 2018 foi o ano do lançamento de Feminismo em Comum de Marcia Tiburi, um livro que mostra um feminismo que vai além das mulheres, um feminismo que abraça todas e todos.

Seja você escritora, leitora, estudiosa ou apenas interessada, devemos sempre prestigiar o trabalho de nossas escritoras, clássicas ou contemporâneas, famosas ou não. Não apenas por serem mulheres, mas, por trazerem conteúdos tão importantes e com uma bagagem histórica talvez até maior que os homens que são estudados e mais reconhecidos que grandes escritoras. Deixe nos comentários sua recomendação de livros, textos, autoras ou curiosidades!

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